Exames, tratamento, prevenção e uma nova fase da doença que está entre as mais discutidas nas últimas três décadas.
Em 2011 faz 30 anos que o mundo ouviu falar de uma doença sem precedentes na história da medicina. De forma poderosa, ela derrubava a defesa imunológica dos seres humanos e abria uma porta para que até a mais fraca das gripes passasse a ser mortal. Essa doença foi chamada de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Aids, causada pelo vírus HIV. O primeiro caso de Aids no Brasil foi registrado em 1982. Já em 1987 foi registrado o primeiro caso no Acre. De lá para cá, o estado já registrou 529 diagnósticos da doença. Mas afinal, como essa doença atinge não só as pessoas contaminadas, mas toda a sociedade?
No Acre, os locais que realizam os exames de AIDS são: o Centro de Triagem e Aconselhamento, CTA, além de postos de saúde tanto no interior como na capital através dos chamados Testes Rápidos. O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), é o local que realiza os exames dos Testes Padrão colhidos no CTA, além de colher sangue para exames, mas em casos especiais mediante solicitação médica.
Não é necessário nenhum pedido médico para fazer o exame de AIDS. Ele é gratuito na rede pública de saúde e com total sigilo de seus requisitantes. A única pessoa que decide se você deve fazer o exame é você mesma. As solicitações acontecem apenas em casos específicos como mulheres grávidas durante o pré-natal, além de pedidos quando médicos constatam sintomas em seus pacientes. “Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor vai ser para realizar o tratamento”, conta Francimary Lima, gerente da área técnica do programa DST/Aids da Secretaria de Estado de Saúde.
Identificando
No ano passado, 390 pessoas se dirigiram ao Centro de Triagem e Aconselhamento para realizar o exame padrão de Aids e outros 514 testes rápidos foram realizados. O processo é o mesmo em todos os CTAs do Brasil, o interessado em fazer o exame passa por uma pequena entrevista e depois tem seu sangue colhido. No caso do teste padrão, o sangue é encaminhado para o Lacen e o resultado é conhecido depois de 30 dias. Se for positivo, o CTA é encarregado de ligar para o paciente antes de seu retorno e pedir para que ele se dirija novamente ao Centro e fazer um novo exame, além de passar por todo um processo de acolhimento com a equipe de psicólogos.
“Ao tomar conhecimento do resultado positivo nós não encaminhamos o paciente para que tome medicação imediatamente. Primeiro ela vai ser encaminhada para novos exames e uma consulta com um infectologista.”, explica Maria das Graças Oliveira, aconselhadora do CTA. “O que mudou foi o seu estado sorológico. A vida do paciente não mudou.”
Faça seu exame de AIDS
Centro de Triagem e Aconselhamento
Rua Guiomard Santos, nº 74, Bairro Bosque, Rio Branco. Próximo a Igreja Batista do Bosque.
Horário de Funcionamento:
7h30 às 12 horas (teste padrão)
14 às 17h30 (teste padrão)
Maria das Graças também foi responsável por informar a vários pacientes que eles possuíam Aids, “As pessoas são muito imprevisíveis, têm as que aceitam mesmo após o choque inicial, há pessoas que não aceitam de jeito nenhum.” Em muitos casos, o CTA passa a ser o responsável pelo primeiro contato do Sistema Público de Saúde com o paciente portador do vírus HIV. Não é fácil. É necessário criar um laço, abrir um diálogo, trabalhar o aconselhamento.
Além do teste padrão, o CTA também realiza o Teste Rápido, um avanço na identificação da Aids. O Teste Rápido, que tem praticamente a mesma eficiência que o Teste Padrão, revela o resultado em apenas 15 minutos e aos poucos é levado aos municípios de difícil acesso. Esse teste tem uma boa margem de acerto, mas o teste padrão ainda é mais específico, embora nenhum dos exames tenha 100% de funcionalidade.
No começo, por ser mais caro, o teste rápido era utilizado apenas em alguns casos específicos, como pessoas que sofreram abuso sexual ou profissionais de saúde que foram expostos. Agora, ele é realizado com a população em geral. É importante lembrar que uma contaminação pelo vírus HIV não é detectada de imediato pelos exames. É necessário um período de cerca de 90 dias após a infecção para que os exames possam acusar a contaminação.
Tratamento sem fim
O Ministério da Saúde decidiu que para que uma cidade possua um serviço ambulatorial especializado no tratamento dos casos de Aids é necessário que o número de pessoas identificadas com a doença ultrapasse 50. No Acre, apenas Rio Branco ultrapassa esse número e possui o Serviço Ambulatorial Especializado (SAE), onde são realizados todos os exames de rotina, distribuição dos remédios e acompanhamento psicológico das pessoas soropositivas, além de outras doenças infecciosas como hepatite e tuberculose.
Um paciente só é encaminhando ao Serviço Ambulatorial Especializado quando já está com o exame positivo de HIV. Para os pacientes de tuberculose que frequentam o SAE é oferecido sempre o teste rápido de Aids e sorologia para hepatite, já que a tuberculose é uma doença comum de ser adquirida pelo paciente contaminado por Aids com suas defesas imunológicas já bastante fracas.
“Nós temos muito afago com os nossos pacientes.”, revela a responsável pelo SAE, enfermeira Edna Gonçalves. O carinho e o respeito dos profissionais de saúde são essenciais nesse momento. “São pessoas com doenças graves, sofridas, que passam por momentos difíceis tanto no lado emocional como por conta dos efeitos colaterais do coquetel de remédios.”
Existe uma rotina no SAE. É nas segundas-feiras que são feitas as coletas de sangue para os exames de CD4 e Carga Viral e em seguida eles são encaminhados para o Lacen. Esses exames são imprescindíveis para que os portadores da AIDS saibam como o seu organismo está se defendendo e reagindo ao vírus.
Um coquetel indigesto
Cerca de 437 pessoas fazem tratamento com retrovirais no Acre, os remédios que compõe o coquetel contra a Aids. 398 pessoas só em Rio Branco. Uma pessoa infectada pelo vírus HIV pode passar anos sem manifestar a doença. Ainda assim, deve fazer periodicamente os exames para descobrir se vai precisar realizar o tratamento contra a Aids em algum momento. O infectado pelo HIV não passa a tomar o coquetel imediatamente após descobrir que possui o vírus, mas a partir do momento que começar a tomar, não vai mais parar. A medicação é para a vida toda, ou até o dia que uma cura definitiva para a doença for encontrada.
Fonte: Agência de notícias do Acre
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